quarta-feira, 5 de junho de 2013

Anjos ou demónios

A teoria de que as crianças são anjos é isso mesmo. Uma teoria que de real não tem nada. Mesmo a mais doce criança pode ser capaz das maiores tropelias. E quando escrevo "das maiores" é exactamente isso que pretendo transmitir: maiores! Isto agrava-se quando revelam carácteres duros e alguma queda para (pequenas) ditadoras. E, nesse caso, logo se vê: dão trabalho. Muito.

Nada de baixar os braços e, pouco a pouco, vai-se conseguindo encaminhá-las. Muito pouco a pouco. Sem nunca dar parte fraca. E, quando o cansaço é muito, desviam-se atenções. Porque se há coisa que os docinhos amargos não podem perceber é que nos cansam.

O pior é quando se cruzam com adultos incapazes de lidar com tal dureza que, à mínima distracção, se pode transformar em insolência e até má educação. E subitamente esses adultos, que deveriam/poderiam ajudar os pais na hercúlea missão de transformar as pestes em seres humanos decentes, transformam-se numa espécie de sabotadores de formação. Revelam medo perante o ar ameaçador dos miúdos (fedelhos seria mais apropriado tal a postura que conseguem assumir), dando-lhes aquele poderzinho que eles nunca deveriam sequer imaginar ter: o poder de assustar, de baralhar. E depois retribuem com injustiças e rasteiras que nenhuma criança tem a capacidade de compreender.

A luta, claro, é desigual. O problema é que o adulto já o sabe. A criança, não. Nem tão pouco imagina que, aconteça o que acontecer pelo caminho, será sempre ela a prejudicada.

No fim, todas estas pessoas acabarão por sair da vida das crianças e esquecer-se-ão delas. Foi apenas mais uma. Mas deixam marcas difíceis de apagar. E os pais? Os pais ficam e continuam a tentar. Mas agora já não têm apenas de transformar diabretes em gente de jeito. Têm de fazer isso e ainda tentar limpar o lixo que os outros adultos vão deixando diariamente.

A referir: tenho três destes anjos.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

E não nos deixeis cair em tentação...



 (Fotografia: Tânia M Relvas)

Há duas ou três semanas que só fumo 4 cigarros/dia. Reduzir foi relativamente fácil, mas deixar completamente de fumar é que me está a atrofiar. Bem tento convencer-me das inúmeras vantagens de me tornar ex-fumadora - vou poupar dinheiro, rejuvenescer, dar um melhor exemplo ao meu pequeno descendente, deixar a minha mãe feliz, ganhar em saúde e disposição e, com sorte, ficar sem celulite :D

Mas o cigarrinho parece estar ali a atirar-me um sorriso, tão disponível para me ajudar a passar o tempo, para me fazer descontrair depois de um dia daqueles, para me imbuir de paciência quando esta me falta, a pedir-me fuma-me, por favor.

E o meu diabinho interior a tentar-me: "Fuma só mais um! Ninguém vai saber que fumaste."

Enquanto o meu polícia interior responde com desdém: "Se achas que vale a pena enganares-te a ti própria, freak! Humpf."

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Da polémica Martim vs Raquel ou Raquel vs Martim


1. De toda a conversa sobressai a noção de que o salário mínimo é indigno. É verdade que o salário mínimo é pornográfico de tão baixo quando observado o custo de vida. Mas nem toda a pornografia é indigna. A sublinhar, o salário mínimo, em Portugal criado apenas após o 25 de Abril, é uma figura que pretende precisamente combater a exploração laboral. Comparar um salário mínimo a um prato de comida só pode vir de quem nunca precisou de viver com um salário mínimo.

2. "Antes o salário mínimo que o desemprego", atirou Martim a Raquel. Duvido que quer um quer outro tenha qualquer noção prática do que é viver em ambas as situações. Mas isso nem é chamado para o caso. A resposta que gerou uma onda de indignação pode não ter sido feliz - tivéssemos um Martim de 40 anos e talvez conseguisse articular outro tipo de resposta como "Quanto paga a dr.ª à mulher a dias?" ou "Sabe onde têm origem a maioria dos componentes do seu computador, iPad, iPod e o diabo?". Mas a pergunta que a originou também não foi. E quem a formulou deveria ter mais responsabilidade no que diz: comparar as condições laborais na China às aplicadas em Portugal só pode ser uma piada. De mau gosto.

3. Milhares de pessoas vivem com o salário mínimo. Os 6790€/ano que recebem paga-lhes a casa, põe-lhes comida na mesa, sustenta-lhes os filhos. Se o valor deveria ser maior? Sem dúvida. Mas não me parece que a resposta esteja nos "martins" ou nas "raqueles" desta vida.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Século XXI, malta!


 (Foto via http://www.squidoo.com/PrehistoricThemedGifts)

1.    Por que raio as pessoas ainda não sabem contornar rotundas? Uns piscazitos para esquerda, por favor, a seguir para a direita, quando pretendemos sair, e fazer a rotunda por dentro, deixando a via mais à direita para quando vamos sair. Que tal? Fácil, não é?
2.    Auto-exame mamário. Don’t get me started. É fácil e absolutamente rápido. Pode fazer-se deitada na cama antes de dormir. E a outra parte a seguir a tomar banho, por exemplo, ou antes de vestir o pijama, em frente ao espelho. Façam.
3.    Bronzeado cancro de pele. Não é bonito, não está na moda e não é saudável (para não dizer extremamente perigoso).
4.    Mulheres e xixi depois de fazer sexo para evitar infecções urinárias. Ainda não sabiam disto? Sharing is caring! Não me lembro há quantos anos nem quem me passou esta informação, mas foi uma das revelações mais úteis de sempre. Fico sempre surpreendida quando encontro mulheres inteligentes e cultas que nunca tinham ouvido falar nisto. Espalhem a palavra.
5.    Por que é que eu ainda fumo? O que me leva ao 6.º ponto. Continuem.
6.    Deixar de fumar. Relatos do drama, do horror, da tragédia, brevemente, neste blog perto de si.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Cama, comida e roupa lavada...

É a dúvida existencial de uma vida: se a vida de prisão é assim tão boa, com cama, comida e roupa lavada, por que raio quem está lá dentro tenta fugir cá para fora?


Cela da antiga prisão de Carandiru, em S. Paulo, fotografada por Luciana Cristhovam. Para ver mais sobre este trabalho da fotógrafa clique aqui.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Do mal, o menos

Diz alguém: “Vamos pô-los todos numa fogueira a arder”. Interfere um outro alguém: “Opah! Isso é demais!”. Responde o primeiro alguém: “Está bem. Cortemos apenas um braço a cada um”.

“Ah! Assim está melhor.”

É mais ou menos assim a forma como este Executivo nos governa. Passos anuncia medidas aterradoras sempre com uma almofada. Uma almofada de recuo mas também uma almofadinha para ver aprovadas medidas que acabam por passar por “levezinhas” quando comparadas às inicialmente previstas.

Foi assim no início. Continuou a ser assim no ano passado. É assim agora.

Há quem diga o Governo não tem uma política definida. Que governa à vista. Não concordo. De facto, até tem. Chama-se a política “do mal, o menos”.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Albânia à vista!

Há cerca de um ano que ando a pesquisar sobre a Albânia, que se tornou num dos próximos destinos para os quais pretendo viajar. Mesmo em frente, estão as maravilhosas ilhas gregas do mar Jónico.
No ano passado, durante a viagem de Atenas para Zurique, consegui ter uma visão aérea substancial da costa e do relevo. E isso só serviu para me aguçar mais a vontade.
Estou absolutamente obcecada com a Albânia e, agora, descobri que na “Volta ao Mundo” de Abril é tema de reportagem. Quero só dizer que eu descobri primeiro!
Se calhar, devia criar uma revista de viagens... ou um blogue, vá!

Imagem retirada de http://www.voltaaomundo.pt/Revista/Artigo/vm032663.html